Estudo liga consumo de carne processada a risco de morte precoce
Atualizado em 7 de março, 2013 -
18:59 (Brasília) 21:59 GMT
Um estudo feito com meio milhão de pessoas na Europa
indica que salsicha, presunto, bacon e outros tipos de carne
processada aumentam o risco de morte precoce.
O levantamento acompanhou pessoas de dez países europeus durante
uma média de 13 anos, sendo que uma em cada 17 pessoas acompanhadas
no estudo morreu.
Os cientistas concluíram que dietas com alto consumo
de carnes processadas estão ligadas a doenças cardiovasculares,
câncer e mortes precoces.
Segundo eles, pessoas que comem muita carne processada mostraram
também ter maior propensão a serem obesas, a fumar e a apresentar
outros fatores de risco à saúde.
Os pesquisadores disseram, porém, que mesmo levando-se em conta
esses outros fatores de risco, as carnes processadas ainda assim
foram consideradas perigosas.
Risco
De acordo com os cientistas, aqueles que consumiam mais de 160g de
carnes processadas por dia – equivalente a cerca de duas salsichas
e uma fatia de bacon – registraram 44% mais chances de morrer
durante o período do estudo do que os que consumiam cerca de 20g.
No total, quase 10 mil pessoas morreram de câncer e 5,5 mil de
problemas cardíacos.
"Um alto consumo de carne, especialmente carnes processadas,
está associado a um estilo de vida menos saudável", disse à
BBC a professora Sabine Rohrmann, da Universidade de Zurique, uma das
autoras do estudo.
"Mas mesmo depois de ajustar fatores como fumo ou obesidade,
acreditamos que há um risco em comer carnes processadas",
afirmou.
"Parar de fumar é mais importante que cortar o consumo de
carne, mas eu recomendaria que as pessoas reduzissem sua ingestão de
carne."
Segundo Rohrmann, se cada participante do estudo consumisse no
máximo 20g de carnes processadas por dia, 3% das mortes precoces
poderiam ter sido evitadas.
No entanto, um pouco de carne, mesmo carne processada, traz
benefícios à saúde, de acordo com o estudo.
Ursula Arens, da British Dietetic Association, disse ao programa
Today, da BBC Radio 4, que passar carne fresca em um moedor não
torna essa carne processada.
Escolhas
Rachel Thompson, do World Cancer Research Fund, organização
britânica que dá dicas sobre prevenção de câncer, disse que este
estudo é mais um acréscimo "ao conjunto de evidências
científicas que sublinham os riscos à saúde de comer carnes
processadas".
"Nossa pesquisa, publicada em 2007 e posteriormente
confirmada em 2011, demonstra forte evidência de que comer carnes
processadas, como bacon, presunto, salsichas, salame, etc, aumenta o
risco de câncer no intestino".
A organização diz que haveria 4 mil casos de câncer de
intestino a menos caso as pessoas consumissem menos de 10g por dia.
Tracy Parker, da British Heart Foundation, organização que se
dedica a campanhas contra doenças cardíacas, disse que a pesquisa
sugere que carnes processadas podem estar ligadas a um maior risco de
morte precoce, mas que aqueles participantes do estudo que consumiram
maiores quantidades também fizeram "outras escolhas pouco
saudáveis em seu estilo de vida".
"Percebeu-se que eles comiam menos frutas e legumes e eram
mais propensos a fumar, o que pode ter afetado os resultados",
disse.
Consumo de carne processada associado a causas de morte prematura
Mariana Dias 07/03/2013 – 22:23
Elevado consumo deste tipo de carne aumenta em 72% o risco de
morte por doença cardiovascular e em 11% o risco de cancro mortal,
concluiu um estudo.
O estudo European Prospective Investigation into Cancer and
Nutrition (EPIC), publicado nesta quinta-feira na revista
científica BMC Medicine, identifica o consumo de carnes processadas
- como bacon, salsichas ou presunto - como um factor que potencia
doenças cardiovasculares, cancros e outros problemas de saúde
mortais.
Os resultados do estudo sugerem que, num período de 13 anos, um
elevado consumo de carne processada aumenta em 44% a probabilidade de
uma morte prematura. O consumo deste tipo de alimentos é responsável
por potenciar o risco de doenças cardiovasculares em 72% e o
risco de cancro em 11%.
Os cientistas responsáveis pelo estudo observaram uma
co-relação proporcionalmente maior entre as taxas mortalidade
precoce e a quantidade de carne processada ingerida.
Sabine Rohrmann, professora na Universidade de Zurique e
responsável pelo estudo, garante que 3% das mortes
precoces ocorridas podiam ter sido evitadas se o consumo de carne
processada fosse inferior a 20 gramas por dia. O sal e substâncias
químicas utilizadas na preservação destes alimentos são outros
dos elementos com efeitos nocivos para os consumidores.
A investigação, financiada pela Europe Against
Cancer Program of the European Commission (SANCO), analisou a
relação entre o consumo de carnes vermelhas, carnes brancas e
carnes processadas e o risco de morte prematura.
O estudo foi conduzido em 10 países europeus, utilizando uma
amostra de 448.568 pessoas, com idades entre os 35 e os 69
anos, recolhendo informação completa sobre a sua dieta,
hábitos tabágicos, actividade física e índice de massa corporal.
Nenhum deles tinha historial de doenças graves ou significativas.
Verificou-se que o consumo de carnes processadas está ainda
relacionado com outros hábitos prejudiciais à saúde, como um
consumo insuficiente de vegetais e fruta. Aqueles que comem
mais carne processada são também os que tem uma maior
probabilidade de ser fumadores ou obesos.
Os resultados relacionaram um alto consumo de carne vermelha com
uma maior mortalidade, ligação considerada como residual e por
isso insuficiente para se considerar estatisticamente
válida. O consumo de carnes brancas não foi associado à
mortalidade.
Apesar disso, os responsáveis pelo estudo não descartam
totalmente as carnes vermelhas da dieta, reconhecendo como
benéficos para a saúde os nutrientes que estas contêm.
No comments:
Post a Comment